domingo, 23 de novembro de 2008

O Hipertexto na Literatura Impressa

Partindo do pressuposto de que o pensamento humano se organiza em uma lógica hipertextual, podemos considerar também a prática da leitura como parte dessa dinâmica. O texto só passa a possuir algum significado a partir da leitura específica de cada leitor. É como se o processo de leitura encadeasse pensamentos em forma de hipertexto. O leitor é o responsável por recortar, conectar o texto a outras informações e selecionar passagens que mais lhe chamem a atenção. Porém, antes de entendermos a configuração da leitura e do pensamento humano em bases hipertextuais, é preciso entender um pouco sobre a evolução desse processo no decorrer da história. Primeiro, podemos mencionar a criação da tipografia dos tipos móveis, desenvolvida por Gutenberg no século XV, modelo de impressão que permitiu uma grande difusão de conhecimento. Outra mudança que influenciou no desenvolvimento da leitura hipertextual foi a transformação do livro de rolo (volumen) em livro de cadernos e páginas (códex). Essa passagem do rolo ao códex foi o que tornou o livro um objeto facilmente manuseável, pois permitiu uma leitura não-linear com uma localização não seqüencial dos assuntos. Outro fator que favoreceu o surgimento de uma cultura hipertextual foi a passagem da leitura em voz alta para a leitura silenciosa e introspectiva, durante a Alta Idade Média. Alguns autores ousaram em experimentar uma literatura inovadora, afim de permitir uma leitura diferenciada e combinatória. Esse tipo de texto foi desenvolvido, por exemplo por Arlindo Machado em “O Sonho de Mallarmé” (1993), por Ítalo Calvino, em “O castelo dos destinos cruzados” (1991), por Julio Cortázar, em "O jogo da amarelinha" (1966) e por Jorge Luis Borges em "O jardim dos caminhos que se bifurcam" (El jardín de senderos que se bifurcan, 1941).

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